Em 1988, nascia no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o “Programa Jurisdrama de Conscientização e Defesa de Direitos Individuais e Coletivos”, uma iniciativa ousada e inovadora liderada pela professora Maria Guadalupe Piragibe da Fonseca, com a colaboração de diversos professores e chefes de departamento da universidade. Mais do que uma simples atividade acadêmica, o Jurisdrama se destaca por seu caráter interdisciplinar, promovendo uma profunda reflexão sobre questões jurídicas, sociais e econômicas por meio de cursos, debates e representações teatrais.
O Poder Transformador da Arte
O programa transcende os limites da sala de aula ao utilizar a arte – especialmente o teatro e a literatura – como ferramentas poderosas de conscientização e educação. Os temas abordados variam desde questões polêmicas, ainda sem uma institucionalização clara, até tópicos já estabelecidos que demandam novas interpretações. Essa abordagem inovadora permite que o Jurisdrama cumpra com excelência os objetivos da extensão universitária, unindo ensino, pesquisa e ação social.
O Impacto no Sistema Carcerário e na Sociedade
Uma das frentes mais significativas do Jurisdrama é a ressocialização de apenados, com um trabalho de longa data nos presídios do Estado do Rio de Janeiro. Por meio de dramatizações e reflexões jurídicas, o programa oferece uma oportunidade única de remissão de penas, proporcionando aos apenados um caminho de retorno à sociedade com mais dignidade e consciência dos seus direitos e deveres.
Educação e Justiça: O Papel do Instituto Pro Bono Brasil
O Instituto Pro Bono Brasil tem sido um pilar fundamental na expansão do Jurisdrama, assegurando que o programa vá além dos muros das penitenciárias e atinja também as comunidades ao redor. A parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP RJ) foi decisiva para fortalecer e ampliar essa iniciativa, que desempenha um papel crucial no enfrentamento do ciclo de ociosidade e descaso social que afeta a população carcerária.
Essa colaboração estratégica não só expandiu as atividades do Jurisdrama, como também consolidou ações que promovem a cidadania e a defesa dos direitos humanos em contextos de vulnerabilidade, oferecendo oportunidades concretas de reintegração e transformação social.
Parcerias que Ampliam Horizontes
O impacto desse trabalho é profundo, atingindo diretamente uma das populações mais marginalizadas do país e transformando o tempo de ociosidade em tempo de aprendizado e reflexão. Para muitos apenados, o Jurisdrama representa a única oportunidade de acesso à cultura e ao conhecimento jurídico e social dentro do sistema prisional. Sob a coordenação do professor Dr. Fábio Samu, filósofo e autor do livro A Gênese das Facções Criminosas, o programa continua firme em sua missão de ampliar o acesso à informação e promover a justiça social.
Construindo Cidadania e Direitos Através da Arte
Com sua experiência e compromisso com a justiça social, o Instituto Pro Bono Brasil tem sido um parceiro essencial na construção desse projeto transformador. A educação e a arte são utilizadas como ferramentas de ressignificação e reintegração, impactando positivamente a vida de muitos. O Jurisdrama, com o apoio do Instituto Pro Bono Brasil, não só transforma vidas, mas também constrói um caminho para um futuro onde os direitos e a cidadania sejam acessíveis a todos.
Arte e Desenvolvimento Pessoal
Além de seu impacto social, o Jurisdrama também se destaca pela criação de produtos artísticos de grande valor. Ao longo dos anos, diversos talentos emergiram entre os participantes, mostrando que a arte é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal. As dramatizações e as produções culturais, muitas vezes criadas e encenadas pelos próprios apenados, não só ampliam suas habilidades artísticas, como também oferecem um espaço de expressão, resiliência e autoconhecimento. Essa jornada de transformação é explorada no documentário “Artistas Nunca Serão Prisioneiros”, dirigido por Guilherme Menezes e Fábio Samu. O filme apresenta depoimentos impactantes de presos que, através da arte, redescobriram sua humanidade e o poder de criar, revelando que, mesmo em condições adversas, a criatividade e a expressão artística jamais podem ser aprisionadas. Abaixo, parte 1 do documentário.